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A marcha de abertura do Fórum Social Mundial de 2009 paralisou o trânsito no centro histórico de Belém. A chuva torrencial, que se abateu sobre a cidade, mais pareceu uma bênção do que um estorvo.
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Nuvens negras toldavam o céu. “Vai chover, amigo?”, perguntei ao guarda da casa onde moro estes dias, em Icoarací, antes de entrar para o autocarro que me haveria de conduzir ao cais do porto, junto ao mercado Ver-o-Peso. O indivíduo levanta o braço e olha para o relógio: “Lá para as quatro”, responde num tom seguro.
Os manifestantes dirigem-se aos milhares com as suas bandeiras e faixas, que dão um tom colorido e alegre à cidade. O trânsito torna-se cada vez mais difícil à medida que nos vamos aproximando do local onde terá início, às 16 horas, a marcha em direcção à Praça do Operário, em frente do Centro Rodoviário. O céu ameaça abrir-se. As colunas de som alternam cânticos com slogans. A longa coluna humana começa a mover-se e a chuva começa a cair torrencialmente durante cerca de uma hora.
Bandeiras e faixas coloridas desfilam pelas ruas da cidade, mostrando lutas vivas do povo: de organizações e grupos que estarão presentes no fórum com os mais diversos meios para dar a conhecer as suas causas. Distribuem-se folhetos onde se explicam as razões e objectivos de tantas lutas e sacrifícios. Em vez de fazer esmorecer o entusiasmo, a chuva parece fazer aumentar o entusiasmo e a alegria. De vez em quando os organizadores da marcha cortam o cortejo para deixar passar o trânsito que entretanto se tornou caótico. Nas ruas que conduzem ao percurso da marcha acumula-se a polícia que de uma maneira discreta e distante, mas atenta, segue o desenrolar dos acontecimentos.
Passadas cerca de duas horas, a manifestação está na Praça do Operário e começa o espectáculo. Os numerosos povos índios, do Brasil e dos países vizinhos sobem ao palco para se exibirem as suas danças e fazerem as suas revindicações: “Hoje é dia de alegria, mas todos os dias são dias dos índios”, clama o apresentador. O tempo torna-se curto e os grupos passam apenas a dizer o seu nome e donde são. Pouco a pouco cai a noite e os manifestantes começam a abandonar o local. Começou o Fórum Social Mundial 2009, em Belém, no Pará, Brasil.
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1 commento:
Estimado Domenico
Como compreendo a tua indignação em relação a Berlusconi.
Aqui em Portugal o mesmo se passa com Sócrates.
Basta! Mas há que dizê-lo frontalmente!
Um abraço solidário.
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